Aprendendo a Conviver com Idosos em Casa

A maior transformação do século XX é o envelhecimento populacional. A esperança de vida cresceu mundialmente cerca de 30 anos e as conseqüências da longevidade são dramáticas. Toda a sociedade está sendo afetada, sem exceção. E o que é pior: está despreparada. O tempo de vida ampliou-se através da melhoria dos serviços de saúde no que diz respeito à tecnologia medicamentosa e chegar à velhice hoje passa a ser uma norma, induzindo-nos a aprender a conviver com o envelhecimento e agregar qualidade aos anos adicionais de vida . Como lidar com essas transformações que começam dentro de nossas casas - com nossos pais, avós e tantos familiares que vemos envelhecer sorrateiramente?

Atualmente é comum famílias deixarem seus progenitores, parentes idosos em instituições asilares. Na verdade, isso representa a ausência de respeito àqueles que contribuíram com a educação e subsistência dos mesmos. A que fatores atribuir esse tipo de conduta? Falta de afeto e falta de tempo .... somado a esses fatores surge um grande vilão: a ausência de conhecimento sobre o envelhecimento, seus aspectos físicos, biológicos e principalmente psicológicos. Na realidade, a maioria não sabe como conviver com o idoso sem infantilizá-lo, sem reduzi-lo a um objeto sem utilidade. A falta de aptidão em conviver com o idoso leva, quase sempre, a problemas como a depressão, isolamento social e doenças psicossomáticas decorrentes do processo de exclusão familiar, dentro da própria casa. O idoso passa a representar um peso pesado. Como transformar essa convivência num processo harmonioso e de oportunidade de trocas existenciais? Aqui vão algumas dicas:

1. O importante não é o tempo cronológico - a idade, seja ela 60, 70, 80, 90 ou mais anos, procure descobrir a experiência e a sabedoria advindas da temporalidade. Aprenda com ela.

2. Alguns hábitos são alterados naturalmente. Surgem manias, medos, angústias. E por que não enfrentá-las de forma natural, decorrência do processo de envelhecer?

3. Jamais use a linguagem do INHO. Jamais parta para a infantilização do idoso - pezINHO, cabeliNHO, olhINHO e outros .... Carinho não é sinônimo de diminutivo. Respeito sim.

4. Procure dispor de algum tempo - por pequeno que seja - para ouvir seu idoso. Todos gostam de sentirem-se ouvidos. Faça da sua escuta um aprendizado, sem preconceitos ou julgamentos sobre o que está ouvindo.

5. Cuide do seu idoso com amor, atenção e dedicação. Jamais faça por ele aquilo que ele ainda é capaz de fazer. A independência deve ser preservada, mesmo que leve tempo para execução das atividades de vida diária. Paciência ajuda muito.

6. Saiba compreender que a perspectiva de vida em termos afetivos e profissionais é diferente da do adolescente ou do adulto. Em decorrência, surgem comportamentos como a tristeza, depressão, irritação..... Coloque-se no lugar do outro e procure projetar na sua velhice como você gostaria de ser tratado, compreendido, amado.

Não perca tempo para compreender o processo de envelhecimento. Afinal, estamos cada dia um pouquinho mais velhos.

Mara Suassuna